A Coleção "Revoluções do Século
20", organizada pela historiadora Emília Viotti da Costa e publicada pela
Editora UNESP, apresenta um extenso número de produções. Elas buscam retratar,
a partir do trabalho de diversos autores, alguns dos levantes revolucionários
ocorridos no mundo ao longo do século XX e os debates por eles suscitados.
Alguns dos países selecionados são África do Sul, Argélia, Chile, Coreia do
Norte, México, Portugal e Venezuela. Nesta postagem, será resumido o primeiro
capítulo do livro "A Revolução Chinesa", escrito pelo jornalista
brasileiro Wladimir Pomar. Buscarei resumir as
principais informações do primeiro capítulo a fim de que o leitor conheça parte do
conteúdo do livro e, ao seu interesse, leia-o integralmente.
"Uma longa
viagem começa com um único passo."
Lao-Tsé
1. As sementes revolucionárias
"A China é um dos berços da
civilização humana." Esta frase abre o livro e sintetiza a relevância da
China para a história da humanidade. Estudos arqueológicos atestam que há mais
de seis mil anos atividades agrícolas e pecuárias já eram realizadas no atual
território chinês, ou seja, sua história já se encontra ativa desde um passado
distante. A invenção da escrita chinesa, composta por ideogramas, coincidiu com
a formação de sua primeira sociedade estatal, a dinastia Xia, durante os séculos XXI e XVI a.C, isto é, há mais de quatro
milênios.
Durante o período da Primavera
e Outono e dos Reinos Combatentes (séculos VIII-III a.C), a China testemunhou o
florescimento de aspectos filosóficos, técnicos e religiosos. Neste momento,
surgiram indivíduos como Confúcio, Lao-Tsé e Sun Tzu que, com suas reflexões e
ensinamentos, influenciaram gerações de pessoas por séculos. No fim do século
III a.C (221-207 a.C), Qin Shi Huangdi, um poderoso senhor da região do Huang
Ho, o Rio Amarelo, centralizou e unificou a China, estabelecendo assim a
dinastia Qin, muitos séculos antes dos
Estados absolutistas europeus.
Dentre os feitos da dinastia Qin estão: unificação da escrita,
medidas e moeda; estabelecimento de prefeituras e distritos, construção de
palácios e da Grande Muralha da China, que se estende por mais de 21.000 km, além do desenvolvimento de
matérias-primas como ferro, bronze e cerâmicas. Problemas agrícolas e revoltas
camponesas, estas últimas muito frequentes na milenar história chinesa, foram importantes
na derrubada da dinastia Qin por Liu
Bang e Xiang Yu. Posterirmente, Liu Bang derrotou Xiang Yu e estabeleceu a
dinastia Han, que se estendeu por
mais quatro séculos. Durante o domínio Han, os chineses começaram a fabricar o
papel e abriram a primeira rota de comércio terrestre com o Ocidente, a Rota da
Seda. Porém, nem esta dinastia sobreviveu aos levantes camponeses. Após diversas
alternâncias entre dinastias (Jin, Sui, Tang,
Song...), a China passou por domínio
estrangeiro a partir da intervenção de Kublai Khan, neto de Gengis Khan, que
estendeu suas conquistas ao território chinês em 1271 constituindo a dinastia Yuan. Neste período pode-se destacar a
utilização da bússola na navegação e da pólvora nos armamentos. Em 1368,
novamente revoltas camponesas destituíram a dinastia vigente e estabelecem uma
nova, desta vez, a dinastia Ming,
sendo esta também notável por avanços realizados em seu período de governo.
O declínio da dinastia Ming se deu no período de início da
expansão comercial marítima europeia. Os chineses, ligados às doutrinas
confucianas, acreditavam ser o centro do mundo, considerando os povos
estrangeiros como bárbaros. Problemas de ordem econômica, as costumeiras
revoltas e a expansão do reino manchu destituíram o domínio Ming em 1644. A nova dinastia Qing, assim chamada pelos manchus,
também se valeu dos ideais de Confúcio e passou a aumentar o monopólio
imperial, exercendo pesados impostos sobre as populações, que intentavam
escapar dessa tributação. Com extensão até o século XIX, esta
dinastia enfrentava conflitos internos e testemunhou o surgimentos de novos adversários, os europeus.
Os ingleses produziam ópio na Índia e o
comercializavam com a China em troca de produtos como chá, porcelana e seda.
Este produto causou dependência química em milhões de chineses, além de outros
problemas de ordem pública. Após a China intentar pôr um fim a este infame
comércio, foi desencadeada a primeira das Guerras do Ópio (1839-42), que
significou o primeiro de vários processos de repartição do território chinês em
áreas de influência de potências estrangeiras. Estas buscaram importar
matérias-primas e comercializar produtos no país. Por isso, construíram
estradas de ferro, portos e fábricas. Buscava-se também manter a dinastia local
no poder, a fim de a principal base social estivesse em uma figura conhecida
para as populações. Durante o século XIX, entretanto, a China se engajou em
conflitos como a guerra russo-chinesa (1858), a guerra franco-chinesa
(1884-85), a primeira guerra sino-japonesa (1894-95) e a guerra sino-alemã (1898). Estas
trouxeram derrotas e consequências humilhantes para a China. As populações, como
de costume, se rebelaram contra o domínio estrangeiro, o que se pode evidenciar
na Rebelião dos Taiping (1851-1864) e na Revolta dos Boxers (1899-1901).
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Recomendação de leitura: Capítulo "China Enters the Third World" do livro "Global Rift: The Third World Comes of Age" do autor L. S. Stavrianos. /https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/28026/A_REVOLUCAO_CHINESA_1242429693B.jpg)
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